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AUTISTA? MAS ELE PARECE SER "NORMAL"



Das muitas baboseiras que escuto acerca de meu filho estar no espectro do autismo, poucas me irritam tanto quanto a clássica “Autista? Mas ele parece ser normal...”


Claro que, como nada na vida é tão ruim que não possa piorar, muitas vezes essas pérolas vêm acompanhadas por outras piores do tipo “Ele é bonito demais pra ser autista” ( Já perdi as contas do número de vezes que ouvi essa!), “Deus não dá uma cruz que você não possa carregar” ( Aff!) e coisas do tipo.


Começando do começo: Dizer que alguém “nem parece” autista não é um elogio! Autismo não é demérito e estar no espectro não é algo que as pessoas devem tentar esconder para que ninguém perceba, como se fosse algum defeito de fábrica.


Digo mais: O que é “parecer ser normal” e por qual razão isso deveria ser uma meta para alguém? E como podemos esperar que a população leiga, que não convive de perto com o autismo, tenha a perspectiva da neurodiversidade, sendo que ainda é comum que tantos pais e profissionais lidem de forma tão controversa com o fato de seus filhos e pacientes estarem no espectro?


Infelizmente, não é raro que os pais que ficam incomodados ao ouvir algum comentário do tipo do que eu citei, sejam os mesmos que investem todos os seus recursos de tempo, energia e dinheiro para que o filho se torne “menos autista”, ou “mais normal” perante a sociedade, mesmo que isso signifique submeter a criança a procedimentos extremamente invasivos e perigosos. Para muitos, o objetivo final é mesmo que chegue um dia que “ninguém perceba”, um dia que o filho “pareça normal”. Obviamente, não estou falando em investimento em ganho de habilidades funcionais que irão contribuir para qualidade de vida da pessoa, e sim de intervenções com o objetivo de camuflar sua condição, mesmo que às custas de muito sofrimento.


Nem sempre as coisas são ditas de maneira tão declarada como quando se diz que quer “arrancar” o autismo do filho ( Falei sobre isso aqui), mas, muitas vezes a mesma coisa é dita através de eufemismos, inclusive pelos profissionais.

Podemos perceber a perspectiva do autismo pensado como algo que deve ser escondido quando, por exemplo, o profissional sugere que a família esconda o diagnóstico do filho dos que convivem com ele, sob pena de estigmatiza-lo. (Também falei sobre isso aqui).


Fato é que, enquanto os próprios pais e profissionais tratarem o autismo como um defeito, e verem como sucesso a capacidade de a pessoa autista conseguir camuflar as características que possam “entregar” sua condição, não poderemos nos ofender quando “elogiarem” nossos filhos ou pacientes dizendo que eles parecem se encaixar em algum suposto padrão de normalidade. E nem quando escutarmos falas que trazem nas entrelinhas que esta suposta normalidade é superior às outras condições neurológicas.


Em tempo: Será muito mais fácil para uma criança crescer com orgulho de ser quem é, se ela viver em um ambiente onde perceba que os adultos sintam orgulho dela por ser exatamente como é.


Um grande abraço e até a próxima!


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