Antes de nosso filho ser acompanhado por sua equipe de terapeutas, em casa costumávamos deixar as guloseimas e objetos de interesse do Bernardo ao alcance dele, na ilusão de que estávamos estimulando sua independência. Quando ele, pequenininho, conseguia sozinho “se virar” e pegar os objetos que queria, achávamos o máximo!
Assim que começamos as intervenções, os profissionais pontuaram que, na verdade, estávamos perdendo chances valiosas de interação com ele e também de estimular as solicitações. Afinal, se o biscoito estava ao alcance, ele ia lá, pegava e comia. Pronto. E nós nessa? Totalmente dispensáveis.
Precisamos colocar as coisas na balança e avaliar, no caso específico de cada criança, qual habilidade será mais importante ser estimulada e desenvolvida. Em se tratando de crianças com TEA, que via de regra apresentam dificuldades sociais e de comunicação, valorizar o “se virar sozinho”em alguns momentos pode ser uma armadilha.
O que os pais ou educadores vêem como uma criança independente muitas vezes é uma criança evitando a todo custo contato ou alguma forma de comunicação, mesmo que para isso precise escalar móveis e fazer acrobacias para se conseguir o que quer. Quando falamos de criança com desenvolvimento típico, geralmente não há problemas em tentar “se virar”e resolver suas coisas sozinha, pelo contrário. Em contrapartida, quando a comunicação é um problema, talvez seja necessário dar um passo atrás para dar dois à frente depois. Afinal, o que iria trazer mais prejuízos futuros à vida daquela pessoa? Provavelmente seria uma comunicação deficiente. Sendo assim, é necessário priorizar.
Pensar assim de forma alguma seria desvalorizar a busca pela independência da criança, mesmo porque acredito que a luta de todos nós, pais, é para que no futuro os filhos sejam o mais independentes quanto possível. Entretanto, é necessário expandir o olhar, pensar em longo prazo e não apenas em situações imediatas. Afinal, quando estimulamos a capacidade de a criança se comunicar e se fazer entendida, estamos contribuindo muito para a sua futura independência, de uma forma mais ampla.
Em nosso caso, a orientação da equipe foi que passássemos a deixar os objetos de interesse ao alcance dos olhos do Bernardo, mas não ao alcance das mãos. Dessa forma, ele precisaria ir até a gente e, de alguma forma, solicitar. Precisamos segurar também nossa tendência de dar imediatamente o que ele quer. Confesso que no início isso foi particularmente difícil, principalmente quando se tratava de comida.
A tendência que a maioria dos pais tem em entender facilmente o que o filho com TEA quer e atender ao desejo dele, mais atrapalha do que ajuda. Afinal, se a comunicação precária está funcionando e é suficiente para que os objetivos sejam alcançados, porque a criança precisaria desenvolver outras formas? Se ela apenas olha para o filtro e os pais traduzem seu desejo “Ele quer água”, providenciando de imediato esta água, porque essa criança iria precisar aprender a apontar, a balbuciar e a vocalizar? A mensagem passada pelos pais é que apenas esse olhar é suficiente. Quando a criança estiver em outros ambientes, sob os cuidados de outras pessoas, será que estas entenderão com tanta facilidade? Provavelmente não. Nós pais, realmente desenvolvemos a capacidade de decifrar os mínimos balbucios e em fazer a tradução dos mesmos para terceiros.
A fonoaudióloga do Bernardo costuma me dizer que comunicação eficiente é quando ele consegue se fazer entender para outras pessoas na minha ausência.
Além disso, é fundamental que estes pais sejam assistidos pela equipe de terapeutas para, juntos, definirem metas de desafios adequados e realistas para o trabalho com aquela criança, naquele momento, considerando o nível de desenvolvimento no qual ela se encontra. Afinal, o outro lado da moeda que também seria uma armadilha seria passar a exigir coisas que naquele momento a criança ainda não daria conta. Isso só iria deixar todos esgotados e desmotivados, além de não ser produtivo.
Quando nos atentamos a esses fatores e mudamos nossa forma de nos comunicar em casa, os ganhos com o Bernardo foram surpreendentes.
Um grande abraço e até a próxima.
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